segunda-feira, 26 de novembro de 2012


O quarto.

O vento sempre ergue uma cortina pesada, sempre bagunça uma poeira no canto, o vento, e esquece uma outra poeira ao lado. No chão sempre há sandálias supersticiosas,  mesquinhas, diferentes, mas calçáveis como todas as outras. No chão encontra-se todos os restos de alguém, todas as marcas da existência, desformatando o que se faz junto e o que fica. No quarto, assim como vento, como a cortina e a poeira, tudo era passível de ser arrumado, mas nem tudo era. Esquecido. O quarto se embranquecia no vazio das coisas arrumadas. Metros quadrados resumidos em uma única parede, em móveis largados em um canto.Tudo largado pelo alguém que decidiu viver. 

Casmurros. 

A vida enlameia a areia contada. 
O vidro de ponta cabeça. 
O menino cheio de rugas.
 O velho amor nas traças de uma puta. 
Bentinho perdido em si, na farsa dos olhos cegos e coxos.