quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Para ver em quantos rumos eu posso andar.
(não revisado)
Um conto meu, de mim.

                                            Falando entre espiões.

O que estou fazendo? Às vezes penso em meu próprio pensamento que estou enlouquecendo. Ouvi uma vez na televisão sobre a tal da esquizofrenia, coisa de ficar falando só o tempo todo. Não sei se fala com a pessoa própria mesmo. A gente depois de adulto não pode lembrar um pouco como é ser criança e inventar alguém para acabar com a solidão? . Bom, ‘tô eu aqui, quatro horas da amanhã, no banheiro, puxando um grosso fio de sangue que sai de mim. Quando penso isso já duvido se meu pensamento não pensou que isso poderia ser um aborto, o resto de um feto, mas logo vejo que só pode ser um pensamento de um homem que há dentro de mim, que não conhece nem de nome os períodos, imagina saber a viscosidade do sangue, da cor batida de um vermelho bofete, dessa liga estranha que vem da vida.

Porra!

Que maldição a quina dessa pia, não basta estar com hemorragia, tem que ter crise de espirro e foder o dedinho do pé.

Tenho percebido ultimamente, e é o que quero me contar hoje, que minhas pernas são estúpidas, e que tenho que fazer algo com elas. Não sou manca, nem coxa, nem tenho buracos no meio das pernas, não sou de muitos buracos, lembro-me de dois buracos agora, aquele, o obrigatório em que tive que vir à vida, e o do mijo da gente, mas, então, minhas penas  são realmente estúpidas.
Ganhei um coração de almofada, ou uma almofada de coração, escolho depois qual a sentença me faz mais sentido, que me serve muito bem em carinho, que me faz bastante companhia quando eu tenho tempo de ficar em casa.

Ontem eu encontrei um menino, um charminho, e tenho dito isso para mim desde então. Baixinho, não tão baixo, mais alto um pouco do que eu, de pele perfeita, de lábios finos, rosados, de cabelo liso, preto azulado, de corte curto, poderia jurar que tinha gel. Quem usa gel hoje?   Bom, esse charminho passou por mim em um dia idiota, e como todo charme causa idiotice nos outros, minhas pernas ficaram mais estúpidas que o normal. Mantive os ombros retos, a cabeça segurada por uma linha como em um balão de aniversário, tive-a ereta! Mas as pernas, minhas pernas, que estupidez! As suas formas viraram quadris, embundeceram. Ao menos, esse menino salvou meu dia, quem se importa com as penas curiosas quando se tem gel para pô-la nos cantos?

Lembrei-me de um cartaz que vi hoje, na verdade, um pedaço de papel impresso colado em um poste, e parei para lê-lo. Dizia assim; 

“Venha descobrir os mistérios de sua mente, conte-me tudo sem falar-me absolutamente nada, e se desejares alguém a(o) trago em dez dias, de acordo com a aprovação do pagamento pelo cartão visa ou master”.

Depois que li esse cartaz decidi não pensar mais pelo resto do dia, é cada coisa idiota que a gente lê, mas como está de madrugada me esqueci disso enquanto limpava  - eu - sei - o que -  no banheiro.

 Se você, caro leitor de mente, esperava algo além de meu pensamento, desculpo-me a mim  e me vou à cama, que já é madrugada e o serviço é grande pela manhã.

Adeus!  


Não fumo para não dá forma a sujeira que ganho de graça. O ar puro liberado dos peitos inflados, pela boca oca, é o respirar das pessoas no tráfico. É da boca dessas pessoas que respiro, é essa sujeira de graça que a gente tem que engolir, do desentender o outro quando o outro está dentro de si. É fugir sem ter pra quê, é discordar das novas ideias, é desenhar círculos em traços de fogo que não queimam mais. Fumo a mim mesmo, nessa complacência de ideias, devoro-me para matar o eterno desejo da esfinge, suicido-me sem encontrar meu feto em uma caixa de cigarro.




"Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir"




Deus lhe pague.